quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Deputada entra com representação no MP contra banda por apologia ao estupro


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imageClipe da música “Tigrão Gostoso” foi removido do Youtube
















A deputada estadual Luiza Maia (PT) ingressou com uma representação contra a banda Abrakadabra, motivada pela letra e videoclipe da música “Tigrão Gostoso”.
No documento, protocolado junto ao Ministério Público da Bahia, na quarta-feira (5), a deputada afirma que o conteúdo da música “traz indistinta discriminação contra mulheres, com violação à imagem e dignidade destas”.

Para Luiza Maia, o clipe também incita, “sem chance de dúvida, a prática de crimes contra a liberdade sexual, como os de estupro e atentado violento ao pudor, previstos nos arts. 213 e 214 do Código Penal”. 

O vídeo, que foi lançando em dezembro e já ultrapassava 60 mil visualizações, foi removido do Youtube. No último dia 27, a Marcha Mundial das Mulheres divulgou uma nota de repúdio contra a banda fundada em Vitória da Conquista. 

“No início do clipe, retrata-se uma situação que é corriqueira na vida de todas as mulheres, que vivem diariamente o medo e a insegurança de serem violentadas ao andarem sozinhas à noite ou em ruas desertas. Entretanto, ao invés de se denunciar a violência sexual, o clipe se desenrola de forma a enaltecer a posição do estuprador, colocado como a figura do “tigrão gostoso”, de modo a associar a agressividade à masculinidade”, diz trecho da nota.

Em nota à imprensa, a deputada compara a Abrakadabra ao caso da New Hit. Nove integrantes da banda e o policial militar Carlos Frederico foram acusados de estupro contra duas adolescentes em agosto de 2012, após show na cidade de Ruy Barbosa. Os dez acusados foram ouvidos em audiências realizadas entre os dias 17 e 18 de dezembro pela juíza Marcia Simões. Ainda há uma data definida para a magistrada proferir a sentença.

“Vimos o exemplo da banda New Hit: quem canta violência pratica violência. Não podemos permitir que o que aconteceu em Ruy Barbosa se repita”, enfatizou a deputada. “O problema não está no ritmo, mas no conteúdo dessas músicas. Existem bandas de pagode e de arrocha que fazem um belo trabalho, sem ofender a dignidade de ninguém. Sabemos que a luta é grande e a Lei Antibaixaria também tem esse papel didático, de combater o machismo de forma educativa, mas há casos em que é necessário apelar para a justiça”. 

 "Não tivemos essa intenção"
 O vocalista da Abrakadabra, Diego Pereira, conhecido como Pretu, afirmou que a banda resolveu tirar o clipe do ar por conta da repercussão do caso. "Nós colocamos uma obra de arte na internet, mas que foi interpretada de forma diferente. Em nenhum momento tivemos a intenção de denegrir a imagem das mulheres, até porque a maior parte nosso público é feminino. Deus sabe que a nossa intenção não é negativa, eu fico triste por isso existir", diz. 

De acordo com o vocalista, a música foi lançada há dois anos e o clipe foi produzido pelos próprios integrantes do grupo. "É uma ficção. Se tivéssemos colocado no início do clipe a mensagem 'isso é uma ficção', não teria essa repercussão toda. É uma questão de interpretação" (Correio).
Fonte: Interior da Bahia

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